
Joana
Raposo

Dança como modelo
educacional
Antes de retratar o modelo educacional que a dança pode proporcionar, é importante a reflecção feita por Marques (outubro, 2015e) através da questão: Toda a dança é arte?!
A dança é caraterizada como uma atividade:
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universal, para todos os povos, em qualquer época;
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polivalente, exprime diferentes funções (artísticas, rituais, culturais, terapêuticas e socioculturais);
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polissémica, com diferentes significados;
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polimorfa, diferentes formas (através de unidades diacónicas e sincrónicas);
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psicossomática, através do corpo, mediando as formas e funções da dança.
É importante considerar as dimensões da dança: artística, lúdica, terapêutica e educativa.
A dança apresentada em teatros e espaços cénicos, encarada como um fim de onde resultam obras coreográficas e com alto nível profissional e técnico é representado pela dimensão artística da dança.
A dimensão lúdica visualiza a dança como uma atividade de lazer, normalmente praticado em clubes, associações e autarquias e cujo objetivo é demonstrar, divertir e exercitar fisicamente.
Vista como uma terapia e desenvolvida por instituições de educação especial é a abordagem da dimensão terapêutica.
A dimensão educativa da dança é um meio para atingir um fim, aproximando-se do modelo educativo.
Segundo o decreto lei n.º 344/90, de 2 de novembro de 1990, os objetivos da educação artística são:
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educar a sensibilidade estética e estimular a capacidade criativa (contribuição para o desenvolvimento harmonioso);
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detetar, estimular e desenvolver aptidões e capacidades específicas (preparando adequadamente a vida ativa);
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fomentar o conhecimento de diferentes linguagens técnico-artísticas e correntes estéticas (através do ensino atualizado);
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proporcionar contatos para a vida profissional ativa (potenciando o intercâmbio entre escolas e profissões);
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proporcionar a formação artística especializada para desenvolver o nível técnico, artístico e cultural;
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fomentar a formação de docentes ara todos os ramos, graus de ensino, coreógrafos e críticos;
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desenvolver/estimular a investigação prática e teórica.
Em Portugal o ensino vocacional dispõe de ensino pré-escolar (pré iniciação), primário (iniciação), básico (dois anos de 2º ciclo e três de 3º ciclo, obtendo o diploma de curso básico de dança), secundário (composto por três anos com obtenção do diploma de bailarino profissional) e superior (somente existente na ESD e FMH). O ensino apresenta-nos a possibilidade extracurricular para o ensino da dança, denominado curso livre.
A dança como modelo educacional é possível através de três eixos fundamentais: executar (interpretar) criar (compor) e analisar (apreciar).
No final do séc. XIX o estudo do movimento humano ganha forma através dos teóricos: François Delsarte (1811 – 1871), Emile Jacques (1865 – 1950) e Rudolf Laban (1879 – 1958).
Bailarino, pedagogo, coreógrafo, arquiteto, pintor, cientista, notador e filósofo, Laban acreditava na integração entre o conhecimento intelectual e as habilidades criativas por meio da dança, desenvolvendo assim a teoria do movimento “Laban Movement Analysis”.
Através do estudo do espaço (Choreutics), da notação do movimento (Labanotation) e das qualidades de movimento: dinâmica, tempo, peso e fluência (Eukinetics), Laban criou uma metodologia com o movimento pessoal e expressivo como objetivo.
Jacqueline Smith-Autard seguiu os princípios defendidos por Laban e adaptou-os criando o seu próprio modelo: Midway Model, que combina o modelo educacional ao modelo profissional, não dando maior importância ao processo nem ao produto.
Defende que a dança desenvolve habilidades, conhecimento e compreensão através da experiencia proporcionada pelos eixos fundamentais referidos anteriormente: executar, interpretar e observar. Afirma ainda que a criatividade e a imaginação surgem como consequência da dança e das suas tarefas.
O seu modelo é comparado ao modelo educacional e profissional no seguinte diagrama, adaptado de Smith-Autard por Marques (outubro, 2015a).
